segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Metas de redução de CO2 são insuficientes para conter aumento da temperatura em 2°C

Giovana Girardi
05 novembro 2013 | 19:42
Usina de carvão na China. País anunciou o compromisso de reduzir suas emissões, mas tem sofrido com escassez de gás natural, uma alternativa menos poluente que o carvão. Crédito: REUTERS/Stringer
Mesmo que todos os países cumpram os compromissos já assumidos de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa nos próximos anos, em 2020 a quantidade de CO2-equivalente lançado na atmosfera deve ser de 8 a 12 gigatoneladas (Gt) acima do limite projetado para manter o aquecimento do planeta em 2°C até 2100.
O cálculo foi divulgado nesta terça-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) como parte do Relatório sobre a Lacuna de Emissões (veja um resumo executivo, em inglês), que, desde 2010, avalia anualmente como o mundo está caminhando em relação ao aquecimento global.
O estudo leva em conta as metas voluntárias que vários países vêm assumindo desde a Conferência do Clima da ONU realizada em Copenhague, em 2009. Na ocasião, diante da indefinição para o estabelecimento de um acordo global que pudesse ser cumprido por todos, concordou-se que os países submeteriam metas voluntárias a serem cumpridas até 2020. A expectativa é que nessa data um novo regime entre em vigor.
Desde então, o Pnuma, com a ajuda de mais de 70 cientistas, vem calculando anualmente se essas metas voluntárias são suficientes para manter o mundo no rumo de um aumento de temperatura de no máximo 2°C até o final do século ou se haveria uma lacuna entre a ambição e a realidade.
As pesquisas apontam que, para ficar naquele patamar de temperatura, as emissões deveriam atingir um máximo de 44 GtCO2-equivalente (ou CO2e, unidade que equipara todos os gases estufa ao potencial de aquecimento do CO2, o gás mais liberado)em 2020. Em seguida teriam de cair para 40 Gt em 2025, 35 Gt em 2030 e para 22 Gt em 2050.
As emissões atuais, porém, já estão muito mais altas do que deveriam estar em 2020 – na casa das 50 Gt de CO2e, segundo estimativas de 2010. Num cenário em que não haja mudanças no modelo econômico atual, elas podem chegar a 59 Gt em 2020, 1 Gt acima da estimativa apresentada no relatório do ano passado.
E mesmo com as metas e compromissos estabelecidos nos últimos três anos, seria possível reduzir esse valor de 3 a 7 gigatoneladas. Ou seja, insuficiente para colocar o mundo no trilho correto.
“O atraso na implementação de medidas implica em mais mudanças climáticas em curto prazo e a possibilidade de mais impactos climáticos”, afirmou Achim Steiner, diretor executivo do Pnuma durante o lançamento. Ele ressaltou, porém, que ainda é possível alcançar a meta de 2020 “com o reforço dos atuais compromissos e a criação de novas medidas, incluindo a ampliação de iniciativas de cooperação internacional em áreas como a eficiência energética, a reforma dos subsídios aos combustíveis fósseis e as energias renováveis”.
Para ele, um setor estratégico é a agricultura, que responde por 11% do total global de gases de efeito de estufa. Técnicas relativamente simples, de mudança do uso do solo, têm um alto potencial de reduções. O setor é um dos principais alvos de redução no Brasil.
O anúncio foi estrategicamente feito a poucos dias do início da nova rodada de negociações internacionais climáticas. Começa na segunda-feira (11), em Varsóvia (Polônia) a 19ª Conferência do Clima da ONU. A reunião, que segue até o dia 22, tem praticamente dois objetivos: ajudar a construir o caminho para que se chegue a um novo acordo climático em 2015, em Paris, para começar a vigorar em 2020; e tentar aumentar as ambições dos países sobre o que eles podem fazer até 2020.
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Viajo para lá no sábado, a convite da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC), e vou reportar por aqui, pela editoria Metrópole, do Estadão, e pela Rádio Estadão, os avanços (ou não) das negociações.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Busca ativa ajuda no cadastramento do CAR

Jorge Cardoso/MMA
Gaetani (D): atuação mais firme
Expectativa é que, até o final do ano, agricultura familiar terá 90% das propriedades cadastradas. Prazo termina em 5 de maio de 2016.
Por: Paulenir Constâncio – Editor: Marco Moreira

A menos de oito meses do término do prazo final para que os proprietários rurais façam o Cadastro Ambiental Rural (CAR), o Ministério do Meio Ambiente investirá na busca ativa, visando basicamente identificar o pequeno produtor rural.  Foi a forma encontrada para garantir que os 150 milhões de hectares que restam para cadastrar estejam no banco de dados até 5 de maio do ano que vem.

A informação é do secretário executivo do ministério, Francisco Gaetani. Ele participou nesta quinta-feira (06/08) de audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, onde falou sobre os avanços do CAR.
A busca ativa é uma estratégia já utilizada pelo governo no Plano Brasil Sem Miséria e significa levar o Estado ao cidadão, sem esperar que as pessoas mais pobres cheguem até o poder público. Um dos grandes desafios do programa é alcançar aqueles que não acessam os serviços públicos e vivem fora de qualquer rede de proteção social.
PARCERIA
Um exemplo, segundo explicou, foi a parceria com o Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal, que investirá R$10 milhões no cadastramento no Semiárido. Entidades sem fins lucrativos com experiência em iniciativas socioambientais e associações de classe têm até o final de agosto para inscrever seus projetos.
Para garantir o cumprimento do prazo previsto no Código Florestal, o Ministério do Meio Ambiente está ouvindo Estados e municípios.  A ideia é concentrar esforços em regiões onde o cadastramento ainda está aquém do previsto. “Estamos buscando uma atuação mais firme”, garantiu o secretário. Ele, que representou a ministra Izabella Teixeira na audiência, lembrou que o CAR é uma tarefa dos Estados e cabe ao governo federal apoiar o cadastramento junto à agricultura familiar.
BALANÇO
Na próxima semana, o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), órgão responsável pelo CAR, divulga um novo balanço. A estimativa é ultrapassar os 60% da área cadastrável, estimada em 380 milhões de hectares. “A agricultura familiar foi a primeira a aderir ao cadastro e o Nordeste é a região onde há maior número de propriedades no banco de dados”, informou o diretor geral do órgão, Raimundo Deusdará.  Os dados sobre o cadastro estão disponíveis no site www.car.gov.br.
Até o final do ano, a busca ativa pretende trazer para o CAR 90% dos produtores rurais com área menor que quatro módulos fiscais. O setor é o único com direito a apoio técnico e financeiro do governo. “Está foi a forma encontrada pelo Código para dar um tratamento diferenciado a uma realidade diferente a do pequeno produtor”, assegurou Francisco Gaetani.
A audiência também tratou dos projetos sobre pagamentos por serviços ambientais, forma de remunerar os produtores que cuidam dos recursos naturais. Dois projetos tramitam no Congresso e sua aprovação deverá beneficiar produtores que substituiriam cultivos em áreas de proteção ambiental por vegetação nativa.

Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA) – (61) 2028.1165